Blogue de divulgação cultural, escrito por 28 pessoas. Um texto por dia, todos os dias.

sábado, 23 de junho de 2012

Peso Filosófico

por Laura Sequeira

A Filosofia costuma ser vista como uma actividade característica de eruditos com óculos na ponta do nariz, cabelos sebosos e despenteados e abstinentes sexuais. Sem menosprezo para aqueles que assim foram, temos vindo a verificar que essa realidade está a ser alterada com o tempo. Os filósofos adaptaram-se à contemporaneidade, deixando de viver num mundo imaginário onde só eles e os seus pares habitam.

Considero que para se ser um bom filósofo, tem que se ter uma grande dose de realidade e de organização prática. Fazer filosofia é pensar sobre as várias perspectivas de um mesmo problema e fazê-lo evoluir, seja com o levantamento de outras questões ou com a concretização de respostas bem argumentadas logicamente. É sobre a base da lógica que se sustem o bom sistema filosófico, dado que sem ela, seria impossível verificar a coerência argumentativa. Digamos que a lógica é a mãe da filosofia, na medida em que é ela que ampara uma qualquer queda que a filosofia possa dar e, assim, fazer ‘nódoas negras’ na estrutura do conhecimento.

Quem nunca se riu quando alguém diz que quem tem unhas, toca viola, quem tem unhas, tem mãos, quem tem mãos, tem braços, quem tem braços, tem pernas, portanto se as cadeiras têm pernas, as cadeiras tocam viola? Este é o exemplo perfeito que confirma a importância da lógica na filosofia.

Mas não é só em exemplos logicamente tontos que a filosofia funciona. Pelo contrário, ela trabalha com problemas reais (por exemplo, a questão ética acerca do aborto ou da eutanásia, tão comuns hoje em dia) e tenta dar-lhes um rumo para que qualquer pessoa possa pensar com todas as ferramentas possíveis. Ao fim ao cabo, ser filósofo é possuir mais ferramentas de pensamento do que o habitual para se poder seguir uma linha de pensamento mais segura e tomar decisões. Ser-se filósofo não é responder a uma questão com ‘depende’, mas dizer-se ‘a)’ porque ‘x’, y’ e ‘z’. Claro que para se chegar a esta conclusão, é preciso reconhecer-se ‘b)’ e ‘c)’ e determinar o erro de raciocínio desses argumentos.

É exactamente isto que pretendo fazer ao longo dos textos que exporei aqui no blogue: tentar guiar-vos pela linha de raciocínio que eu considero correcta. É verdade que não será tarefa fácil, já que qualquer pessoa é falível. Assim, conto com as vossas argumentações e comentários aos textos. Porque não é na solidão do pensamento e do raciocínio que se constroem fortes argumentos.




1 comentário:

  1. Ora aí está, querida Laura, nem mais. Haja vista, ou melhor, leitura «A Vida Sexual de Immanuel Kant», do colega Jean-Baptiste Botul.
    Já era tempo de os filósofos e filósofas irem direitos e direitas à coisa propriamente dita por excelência, antigamente: coisa em si.

    ResponderEliminar