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terça-feira, 19 de março de 2013

Take-away do submundo

por Rui Filipe

Para não me acusarem de qualquer tipo de anti-patriotismo (uma acusação que se calhar nem é descabida), depois de ter andado a mostrar o melhor que há tanto do outro lado do oceano como na nossa amigável ilha acima de nós, viro-me hoje para um dos grandes frutos da criatividade destas areias de Portugal. Na realidade, se calhar é um pouco prematuro colocar este rótulo na obra que decidi divulgar aqui, se olharmos com atenção percebemos que tanto o seu desenhador como colorista pertencem igualmente aquele conjunto de pessoas que vive do outro lado do oceano, mais especificamente na América do Sul. Porém, dado que o criador da história, que irei falar mais à frente, e toda a narrativa desta, pertencem ao habitat do peito ilustre lusitano, é bastante seguro rotular esta obra, que é de uma invulgar criatividade e entusiasmo nestas zonas, como pertencendo a estas terras. Para os mais entendidos na matéria, já percebem que estou a falar das Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy.



Se alguém neste momento está um pouco de pé atrás porque tem um estranho preconceito de que qualquer banda-desenhada europeia (e Portugal ainda é Europa) se trata de algo chato e introspectivo, em que basicamente existe muito diálogo e nu artístico, caso o nome ainda não o tenha feito, não tem que se preocupar com esta saga. Em vez deste cenário pouco apelativo, o autor Filipe Melo (alguém que por si só merece menção e que aconselho uma vista de olhos por todas as coisas que fez), ressuscitando em grande parte o espirito dos filmes de terror clássicos, traz-nos para uma Lisboa onde acima de tudo vive o fantástico e o terrível.

Eurico, um tanso alfacinha que inicialmente surge como um entregador de pizzas, encarna o papel de protagonista neste conjunto de histórias onde por obra estranha do destino encontra um dos investigadores mais bizarros que se pode esperar. Em conjunto com este, Eurico acaba por descobrir uma nova Lisboa e arredores onde, para além dos cenários que maior parte de nós conhecemos, também descobrimos toda uma população obscura que compartilha esta cidade.


Dado que supostamente somos seres humanos normais, a viver num mundo aparentemente natural, a única forma de aceder a esta face de Lisboa é pela nossa imaginação. Logo, a qualquer pessoa que queira conhecer uma nova visão deste local onde vivemos (chegando até a haver algumas referências á nossa amada senhora de Fátima), ou que então tenha apenas um gostinho especial por tudo o que tenha aquela aura do terror clássico, aconselho vivamente esta banda-desenhada. E já vai em dois números, portanto já há muito material suficiente para manter a malta ocupada!

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