Marcel Proust
por Francisca R.
Quando me foi proposta esta oportunidade de escrever para o id est, confesso que demorei algum tempo a decidir o tema para este primeiro texto. A literatura, para alguém como eu, torna-se num mundo de possibilidades a perder de vista. Alguns olham para esta como um meio de se exibir em eventos sociais de cariz intelectual (mais para o pseudo, se estiverem interessados na minha opinião), mas para mim, é o cerne da vida humana. Foster Wallace acertara em cheio quando disse que "fiction's about what it is to be a human being". A literatura, para aquele que estiver interessado em conhecer-se a si mesmo, torna-se num espelho do que devemos ver em nós mesmos a determinado instante e será este o foco de todas as análises literárias. Terei sempre o maior cuidado a julgar o conteúdo do que a forma.
Quando era mais nova, a minha mãe decidiu que o processo de passagem dos livros infantis para a escrita "adulta" deveria ser feita através de um pequeno livro que dá título a este post. Mais tarde compreendi a astúcia da minha mãe pois ainda hoje, dificilmente encontro melhores palavras que as de Proust para descrever a beleza da leitura e o que esta nos proporciona. Dificilmente farei uma crítica sobre a estrutura ou a semântica de um texto. Raramente me debruço sobre a gramática, gosto de me focar, exclusivamente, na concepção de ideias. A capacidade que uma boa narrativa tem para nos conduzir à resolução das nossas dúvidas ao mesmo tempo que as suas personagens desvendam o seu destino, é algo divino.
Marcel Proust, neste pequeno livro, faz uma analogia que traduz o impacto cativante que a literatura pode ter sobre nós, tornando-se esta num medicamento para o espírito. Para mim, contudo, a noção que mais me aliciou quando li esta pequena obra pela primeira vez, foi a ideia de que os livros tornam-se amigos que estão sempre presentes, capazes de nos contar em cada reencontro, uma nova história.
Sem comentários:
Enviar um comentário