Hoje é dia de Óscares. São os prémios mais
conhecidos do mundo do cinema, e são entregues pela Academia de Artes e
Ciências Cinematográficas, fundada em Los Angeles, Califórnia, em 11 de maio de
1927. Começaram em 1929 e vamos agora para a 85ª edição.
Comecemos pela categoria mais
importante, a de melhor filme. Este ano, tive o prazer de ver todos os nomeados
a melhor filme, e posso portanto comentar com rigor. Como 9 nomeados temos por
ordem alfabética Amour, Argo, Beasts of the Southern Wild, Django Unchained,
Les Misérables, Life of Pi, Lincoln, Silver Linings Playbook e Zero Dark
Thirty.
Há um mês atrás, Lincoln era o
sério vencedor e quase indiscutível, mas Argo, de Ben Affleck tem vindo a somar
prémios e a escalar em popularidade. Curioso nisto tudo, é que Ben Affleck nem
foi nomeado a melhor realizador pela academia, e por outro lado, foi o vencedor
dessa categoria nos Globos de Ouro, que se realizam sempre antes dos Óscares e
costuma funcionar como barómetro. Amour, certamente ganhará como melhor filme
estrangeiro, mas a meu ver, é um filme que benefecia de demasiado hype. Não é
nada por aí além, os actores arrastam-se durante todo o filme, e as
interpretações são passivas. Nem sei como pode Emmanuelle Riva estar na corrida
ao Óscar de melhor actriz. Argo foi uma feliz surpresa, pois não tinha qualquer
ideia concebida sobre o mesmo. É baseado numa história verídica, mas grande
parte é alterada, para maior magia no cinema. De notar que existe mérito, pois
Affleck pega numa história com pouca acção, e onde não existe qualquer revés,
ou seja, tudo corre pelo melhor sem problemas, mas agarra o espectador até ao
fim. Beasts of the Southern Wild também surpreendeu, porque é totalmente indie
e desconhecia quer o realizador, quer o elenco. Vale a pena nem que seja pela
fotografia, pela óptima interpretação da miúda e pela mensagem/argumento.
Django Unchained entreteve-me bastante e gostei, isto vindo de quem não costuma
gostar de Tarantino. Apesar das 2h30, o espectador não sente o tempo passar e é
sempre bom revisitar o mundo dos westerns, num filme com boas interpretações,
principalmente de Leonardo DiCaprio, que foi mais uma vez injustiçado, e não chegou a ser
nomeado. Les Misérables é bastante bom e as músicas ficam no ouvido, mas esse
mérito é do musical, no qual o filme se baseia e ao qual faz esta homenagem.
Life of Pi é um filme interessante, apesar de dividir o público quando ao
argumento, tal como tudo o que mete religião. As perguntas do entrevistador
parecem forçadas e o acting nestas partes parece saído de um filme de classe
inferior, mas a história principal é muito boa. Em termos visuais, também é
capaz de arrecadar alguns prémios. Lincoln é mais um filme político, o que pode
deixar alguns do lado de fora, mas se não se importarem com isso, tem uma boa
história com grandes interpretações que o prendem do lado de cá do ecrã, e uma
boa fotografia, o que torna menos duro as 2 horas e meia de visualização.
Silver Linings Playbook consegue entrar neste restrito top, apesar de ser uma
comédia/romance, porque não pega em 10 actores/actrizes conhecido(a)s e os
mistura numa trituradora com um argumento da treta. Sabe ter um argumento
semi-sólido, tem uma boa interpretação do Cooper, que mostra que ele é capaz de
mais do que a comédia simples e Hollywoodesca e a realização também não é má. Zero
Dark Thirty, a par do Amour, foi do mais enfadonho desta lista. Dura 2 horas e
meia, e só tem acção quase no último quarto de hora. Até lá, é um arrastar das
personagens de um lado para o outro, sem nunca criar qualquer tipo de ligação
emocional com o espectador, umas referências a tortura, e pouco mais. A Jessica
Chastain é a única coisa que o salva.
Na
de melhor realizador, temos Michael Haneke (Amour), Benh Zeitlin (As Bestas do
Sul Selvagem), Ang Lee (A Vida de Pi), Steven Spielberg (Lincoln) e David O.
Russell (Guia Para Um Final Feliz), e tudo indica que o vencedor seja Steven Spielberg, o que é merecido.
Para
melhor actor, temos Bradley Cooper (Guia Para Um Final Feliz), Daniel Day-Lewis
(Lincoln), Hugh Jackman (Os Miseráveis), Joaquin Phoenix (O Mentor) e Denzel
Washington (Decisão de Risco). Daniel Day-Lewis deverá ganhar sem espinhas.
Denzel Washington, 90% do público nem sabe como foi nomeado, pois o filme foi
um flop. Joaquin Phoenix e Bradley Cooper estão bons nos seus papéis, mas
talvez não chegue para levarem o boneco.
Para
melhor actor secundário, Alan Arkin (Argo), Robert de Niro (Guia Para Um Final
Feliz), Philip Seymour Hoffman (O Mentor), Tommy Lee Jones (Lincoln) e Christoph
Waltz (Django Libertado). Acho que o Óscar deveria ir para Tommy Lee Jones, o
mais merecedor, ou então para Seymour Hoffman. Contudo, o hype pelo filme do
Tarantino poderá fazer de Christoph Waltz o vencedor.
Para
melhor actriz, temos Jessica Chastain (00:30 A Hora Negra), Jennifer Lawrence
(Guia Para Um Final Feliz), Emmanuelle Riva (Amor), Quvenzhané Wallis (As
Bestas do Sul Selvagem) e Naomi Watts (O Impossível). A meu ver, deveria vencer
Jessica Chastain, pois esteve bem, e salvou o seu filme da monotonia. Riva não
sei o que aqui faz. Quvenzhané Wallis tem um bom papel, mas ainda é nova, e se
tiver qualidade, terá muitos anos para o provar e ganhar o Óscar daqui a uns
anos. Naomi Watts tem uma óptima interpretação, pelo que também se ganhasse,
não seria nenhuma surpresa.
Como
melhor actriz secundária, Amy Adams (O Mentor), Sally Field (Lincoln), Anne
Hathaway (Os Miseráveis), Helen Hunt (Seis Sessões), Jacki Weaver (Guia Para Um
Final Feliz). Eu apostaria em Anne Hathaway devido a ter encarnado muito bem a
personagem e como prémio por estar a desenvolver uma boa carreira, sendo uma
motivação para se manter em filmes sérios, e para não voltar aos filmes fáceis
de início de carreira com que se tornou popular.
Como
habitualmente, seguindo o alfabeto, hoje temos o 'F'. Assim sendo, será
incontornável não recomendar Fight Club (1999), com Brad Pitt e Edward Norton,
num brilhante filme. Fica ainda espaço para recomendar Forrest Gump (1994),
vencedor de 6 Óscares e From Russia with Love (1963), o segundo filme da saga
Bond e um dos melhores da mesma.
Em anexo segue a lista completa dos nomeados.
Melhor filme
Amor
Argo
As
Bestas do Sul Selvagem
Django
Libertado
Os
Miseráveis
A
Vida de Pi
Lincoln
Guia
Para Um Final Feliz
0:30
A Hora Negra
Melhor realizador
Michael
Haneke (Amour)
Benh
Zeitlin (As Bestas do Sul Selvagem)
Ang
Lee (A Vida de Pi)
Steven
Spielberg (Lincoln)
David
O. Russell (Guia Para Um Final Feliz)
Melhor ator
Bradley
Cooper (Guia Para Um Final Feliz)
Daniel
Day-Lewis (Lincoln)
Hugh
Jackman (Os Miseráveis)
Joaquin
Phoenix (O Mentor)
Denzel
Washington (Decisão de Risco)
Melhor ator secundário
Alan
Arkin (Argo)
Robert
de Niro (Guia Para Um Final Feliz)
Philip
Seymour Hoffman (O Mentor)
Tommy
Lee Jones (Lincoln)
Christoph
Waltz (Django Libertado)
Melhor atriz
Jessica
Chastain (00:30 A Hora Negra)
Jennifer
Lawrence (Guia Para Um Final Feliz)
Emmanuelle
Riva (Amor)
Quvenzhané
Wallis (As Bestas do Sul Selvagem)
Naomi
Watts (O Impossível)
Melhor atriz secundária
Amy
Adams (O Mentor)
Sally
Field (Lincoln)
Anne
Hathaway (Os Miseráveis)
Helen
Hunt (Seis Sessões)
Jacki
Weaver (Guia Para Um Final Feliz)
Melhor filme estrangeiro
Amor
(Aústria)
Kon-Tiki
(Noruega)
No
(Chile)
A
Royal Affair (Dinamarca)
War
Witch (Canada)
Melhor argumento adaptado
Chris
Terrio (Argo)
Lucy
Alibar e Benh Zeitlin (Bestas do Sul Selvagem)
David
Magee (A Vida de Pi)
Tony
Kushner (Lincoln)
David
O. Russell (Guia Para Um Final Feliz)
Melhor argumento original
Michael
Haneke (Amor)
Quentin
Tarantino (Django Libertado)
John
Gatins (Decisão de Risco)
Wes
Anderson e Roman Coppola (Moonrise Kingdom)
Mark
Boal (00:30 a Hora Negra)
Melhor filme de animação
Brave
- Indomável
Frankenweenie
ParaNorman
Os
Piratas
Força
Ralph!
Melhor fotografia
Seamus
McGarvey (Anna Karenina)
Robert
Richardson (Django Unchained)
Claudio
Miranda (A Vida de Pi)
Janusz
Kaminski (Lincoln)
Roger
Deakins (007-Skyfall)
Melhor guarda roupa
Jacqueline
Durran (Anna Karenina)
Paco
Delgado (Les Misérables)
Joanna
Johnston (Lincoln)
Eiko
Ishioka (Espelho Meu Espelho Meu)
Colleen
Atwood (Branca de Neve e o Caçador)
Melhor documentário (longa metragem)
5
Broken Cameras
The
Gatekeepers
How
to Survive a Plague
The
Invisible War
Searching
for Sugar Man
Melhor documentário (curta metragem)
Inocente
Kings
Point
Mondays
at Racine
Open
Heart
Redemption
Melhor montagem
William
Goldenberg (Argo)
Tim
Squyres (A Vida de Pi)
Michael
Kahn (Lincoln)
Jay
Cassidy e Crispin Struthers (Guia Para Um Final Feliz)
Dylan
Tichenor e William Goldenberg (00:30 A Hora Negra)
Melhor caraterização e cabelo
Howard
Berger, Peter Montagna e Martin Samuel (Hitchcock)
Peter
Swords King, Rick Findlater e Tami Lane (O Hobbit: Uma Viagem Inesperada)
Lisa
Westcott e Julie Dartnell (Os Miseráveis)
Melhor banda sonora original
Dario
Marianelli (Anna Karenina)
Alexander
Desplat (Argo)
Mychael
Danna (A Vida de Pi)
John
Williams (Lincoln)
Thomas
Newman (007-Skyfall)
Melhor canção
original
"Before
My Time" (Chasing Ice)
"Everybody
Needs A Best Friend" (Ted)
"Pi's
Lullaby" (A Vida de Pi)
"Skyfall"
(007-Skyfall)
"Suddenly"
(O Miseráveis)
Melhor design de produção
Anna
Karenina
O
Hobbit: Uma Viagem Inesperada
Os
Miseráveis
A
Vida de Pi
Lincoln
Melhor curta metragem de animação
Adam
and Dog
Fresh
Guacamole
Head
over Heels
Maggie
Simpson in "The Longest Daycare"
Paperman
Melhor curta metragem
Asad
Buzkashi
Boys
Curfew
Death
of a Shadow (Dood van een Schaduw)
Henry
Melhor montagem sonora
Erik
Aadahl e Ethan Van der Ryn (Argo)
Wylie
Stateman (Django Libertado)
Eugene
Gearty e Philip Stockton (A Vida de Pi)
Per
Hallberg e Karen Baker Landers (007-Skyfall)
Paul
N.J. Ottosson (00:30 A Hora Negra)
Melhor mistura sonora
John
Reitz, Gregg Rudloff e Jose Antonio Garcia (Argo)
Andy
Nelson, Mark Paterson e Simon Hayes (Os Miseráveis)
Ron
Bartlett, D.M. Hemphill e Drew Kunin (A Vida de Pi)
Andy
Nelson, Gary Rydstrom e Ronald Judkins (Lincoln)
Scott
Millan, Greg P. Russell e Stuart Wilson (007-Skyfall)
Melhores efeitos visuais
O
Hobbit: Uma Viagem Inesperada
A
Vida de Pi
Vingadores
Prometheus
Branca
de Neve e o Caçador
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