Desde sempre que o desporto é caracterizado, de entre
inúmeras outras vantagens, pela busca da superação pessoal, de vitórias
colectivas, estando nisto intrínseco o factor competitivo.
Cristiano Ronaldo, imagem de marca de um atleta potenciado em “laboratório” |
É graças ao contínuo desenvolvimento do conhecimento
desportivo que os atletas de hoje estão preparados para, não só ultrapassar os do
passado, mas também desafiar os limites da gravidade, do tempo, da força ou da
resistência física. Este desenvolvimento deixou de ocorrer apenas empiricamente,
para passar a basear-se profundamente da Ciência. De facto, a investigação
realizada no âmbito da Fisiologia, da Medicina Desportiva, bem como o avanço
tecnológico, permite a estes atletas melhorar as técnicas de treino e os
equipamentos utilizados. A Ciência permite “construir” um atleta potenciando-o
fisicamente e equipando-o com materiais de alta tecnologia, essenciais quando
este atinge o máximo da sua capacidade.
Também tem levado ao surgimento de novos desportos
como o paintball e uns quantos
designados de radicais.
Entre os métodos de treino inovadores destaque para
o treino em altitude. Como o nome indica, consiste em realizar o exercício
físico em zonas substancialmente elevadas, onde o oxigénio é mais rarefeito.
Este método faz com os níveis de Eritropoietina (EPO) do atleta sejam mais
elevados, provocando um aumento de glóbulos vermelhos, o que causa uma melhoria
da resistência aeróbica. Assim, este obtém resultados consideravelmente
melhores ao competir em zonas onde a percentagem de oxigénio é a normal, uma
vez que o seu metabolismo “habitua-se” a trabalhar com menos oxigénio.
Altitrainer, aparelho concebido para treinar com défice de oxigénio |
A Fisiologia e a Medicina também possibilitam conhecer
as características “humanas” mais adequadas para determinados desportos, como
prevenir de processos lesivos decorrentes do excesso de treino e, claro, cuidar
de lesões de forma mais rápida e eficiente.
Não menos importante para a evolução do Desporto é o
avanço tecnológico que se tem verificado. No entanto, se por um lado tem contribuído
para a verdade desportiva, por outro causa, embora indirectamente, a heterogeneidade
entre atletas ou equipas. A existência do Hawk
Eye no Ténis, das placas electrónicas na Natação ou do Photo Finish no ciclismo e atletismo são alguns exemplos de
sistemas que proporcionaram um aumento da qualidade dos resultados. Outro exemplo
actualmente debatido é o uso da tecnologia de golo no futebol. Todavia existe
uma grande disparidade entre os equipamentos utilizados pelos atletas, o que
leva a que uns estejam melhor “munidos” para vencer, nomeadamente os que têm
condições para investir na aquisição dos materiais topo de gama. Quanto mais
caro for maior é a diferença observada.
Note-se, por exemplo, os desportos motorizados, onde as equipas com maior poder
financeiro conseguem desenvolver veículos muito mais potentes e de condução mais
fácil, que as restantes, além de atrairem o staff e pilotos mais qualificados.
De há um tempo para cá que há uma tentativa por parte das federações
internacionais de diversos desportos em equilibrar a balança, de homogeinizar
as condições dos participantes e também para a sua própria segurança, ao
estabelecer. regras e restrições aos equipamentos.
Hegemonia de Michael Schumacher e da Scuderia Ferrari entre 2000 e 2004 |
Outro exemplo é o recente uso de fatos de
poliuretano ou “super fatos” na Natação, banidos da competição desde 2010. Em
apenas um ano e meio caíram 174 recordes do mundo com a utilização deste
equipamento de ”borracha”, em parte desenvolvido com a colaboração da NASA. 43 caíram
numa única competição, o Mundial de Roma em 2009, considerado o seu apogeu.
Os fatos proporcionavam uma maior flutuabilidade, recuperação muscular e, consequentemente, melhor performance |
Estes exemplos trazem “à tona” questões preocupantes:
até que ponto este desenvolvimento é justo e traduz a realidade do Desporto? A
partir de que limite se deixa de atribuir o mérito da conquista ao atleta, mas
sim ao equipamento utilizado? Também a evolução trazida pela Fisiologia e
Medicina merece ser reflectida, por causa, naturalmente, do doping.
Os conhecidos casos da utilização de substâncias
dopantes, como doses da já referida EPO, testosterona ou esteróides, são também
exemplos de aplicação da Ciência no Desporto, apesar de puníveis tanto a nível
legal como moral.
Lance Armstrong, banido eternamente e com todos os seus resultados anulados desde Agosto de 1998, por uso e distribuição de doping |
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