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domingo, 14 de abril de 2013

Quem lucra com a crise

por Luís Noronha



"Alguém que acredite
que o crescimento exponencial
pode continuar infinitamente num mundo finito
ou é louco ou é economista."

Kenneth Boulding, economista 
 

Há muitos anos que se alerta para a desenfreada exploração dos recursos naturais e para o consumo dos recursos que excede, no grupo de países mais ricos, o que é suportável. Se todos os povos tivessem um consumo equivalente ao dos países ricos, já hoje seria preciso mais do que um planeta para sustentar tudo isso. 

Por isso se criou a expressão “desenvolvimento sustentável”, que tomou forma sobretudo a partir da cimeira do Rio de Janeiro em 1992. As Nações Unidas tomaram a iniciativa da “Década das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável” que se iniciou em … 2005.

No entanto, em 2008 surgiu uma crise financeira nos Estados Unidos que se propagou à Europa, com reflexo no resto do mundo, mas que de forma simplista se poderia resumir no seguinte – estes dois blocos consomem muito mais do que produzem e têm de pagar por isso. Embora paguem muito menos, devido à utilização de uma mão-de-obra explorada ou quase escrava nos países mais pobres, o fluxo de capitais para esses países depauperou as suas finanças.

No entanto, o progresso do bem-estar dos povos nos países mais pobres não tem sido equivalente à diminuição do poder de compra nos países mais ricos, atingidos pelo desemprego e pela perda de rendimentos dos trabalhadores.

Nem o consumo de bens essenciais é suficiente, nomeadamente dos bens alimentares, originando situações de absoluta carência, quando se mantém um criminoso esquema de desperdício. Produzem-se bens alimentares equivalentes ao dobro do que seria necessário para alimentar a população mundial, mas uma parte morre de fome! O desperdício, a falta de regulação nas trocas comerciais, faz enriquecer grupos de privilegiados em cada um dos países, nos mais ricos e nos mais pobres.

A assimetria entre os mais ricos e os mais pobres cresce em todo o mundo e em todos os países. A desigualdade é o maior dos problemas com que se defrontam os povos de todo o mundo, incluindo nos dois mais poderosos. Nos EUA há milhões de “sem abrigo”, na China há milhões, incluindo crianças e jovens a trabalhar num sistema semelhante à escravatura. Mas nestes países cresce a opulência e a ostentação, a riqueza imoral, perante a pobreza que a rodeia.

No meio disto tudo cresce a especulação. A especulação de bens produzidos e que são essenciais e também a especulação virtual. Crescem as “praças financeiras”, os “mercados” onde nada se produz, onde se especulam bens, produtos e serviços que não existem, de empresas virtuais, com donos fictícios, com moradas que são apenas caixas de correio.

Nesta situação, a revolta cresce dentro dos que têm consciência que é preciso eliminar esta equipa de financeiros, ou meros comentadores, que inculcam na sociedade a ideia que são os próprios cidadãos os culpados da crise. São – culpados por existirem ou culpados por existirem e tolerarem a continuação do mundo assim!

Enquanto nas “praças financeiras”, especuladores, agiotas, usurários enriquecem com as suas frenéticas e desumanas decisões! Sem refletirem segundos sobre a quantidade de pobres que estão criando para poderem enriquecer a si próprios e aos parasitas que servem!

1 comentário:

  1. Não sabia que publicavas em blog. Virei até cá. Mas é um batalhão de bloguistas.

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