Os cidadãos mais novos sempre ouviram falar das preocupações ambientais. Uma grande parte deles sente-as, mas uma outra parte poderá pensar “que não vale a pena” preocupar-se, porque os interesses económicos e financeiros dos mais poderosos acabam por impor a sua vontade.
Não
corresponde à verdade. Até há 40 anos, a defesa do ambiente era quase exclusiva
dos biólogos que se preocupavam com a conservação da natureza. Criaram-se
reservas naturais, espaços isolados que tinham o propósito de manutenção das
espécies e dos habitats ameaçados de extinção.
Apenas em 1972
a expressão “desenvolvimento sustentável”
nasceu na conferência das Nações Unidas sobre Ambiente Humano, em Estocolmo.
Note-se a preocupação centrada no Homem, numa lógica antropocentrista.
A agenda
política começou a incluir os temas ambientais e surgem os primeiros
ministérios do ambiente. Mas o planeta estava dividido entre os blocos
liderados pelos Estados Unidos, a ocidente e pela União Soviética, a oriente. O
desnível de desenvolvimento e acesso aos bens de consumo entre os países do
Norte e os do Sul aumentava. Os chamados países do terceiro mundo, entre os
quais começa a surgir um movimento dos não-alinhados, partilham o facto de
serem antigas colónias de África, América do Sul e Ásia e serem vítimas da
cobiça das grandes potências e de disputa entre os dois blocos. São sujeitos a
guerras nacionais e regionais, golpes de estado e pilhagem das suas fontes de
matérias-primas.
Só em 1987 foi
publicado o relatório da Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento
(das Nações Unidas) – “ O Nosso Futuro Comum” – que adotou a expressão “desenvolvimento sustentável”, como
definição para o objetivo de “desenvolvimento que dê resposta às necessidades
do presente, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras darem
resposta às suas próprias necessidades”.
A cimeira de
junho de 2012 pretende avançar para um compromisso político global para o desenvolvimento sustentável. Designa-se por
Conferência do Rio + 20, porque foi há 20 anos (apenas) que foram lançadas as
bases para a Agenda XXI (para o século XXI), que é um programa político que
visa o aprofundamento da participação dos povos na definição do seu futuro e
deu origem à “Declaração do Milénio”, adotada por 189 países, há apenas 12
anos. Nesta são definidos objetivos como o de erradicar a pobreza extrema e a
fome, de garantir a sustentabilidade ambiental e fortalecer a parceria global
para o desenvolvimento.
Foram obtidos
compromissos importantes, resultados como o da maior consciencialização dos
povos, mas apenas foram dados pequenos passos, porque a resistência do poder
político, como mandatário dos interesses mais financeiros do que económicos,
sobretudo nos países mais ricos, tem impedido que a política e o ambiente sejam
realmente a resultante das condições de equilíbrio social, cultural e
económico.
Os principais
problemas estão diagnosticados e as soluções estão propostas e são
impreteríveis a curto prazo. É necessário que a política global, e as nacionais,
regionais e locais assumam escolhas claras que respeitem a resposta às
necessidades de todos os cidadãos do planeta.
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