por Sara M. Garcia
A Escola, digo, Sistema Educativo, tem-se desenvolvido, ao longo da História, num processo paralelo ao da própria Sociedade e da realidade que a rodeia, de modo a abarcar os anseios de cada época. Devendo, portanto, ser visto como a base sólida na formação do ser humano, enquanto Pessoa, despertando-lhe um sentido cívico, consciente e intervencionista (neste caso, face a um estado democrático).
A Escola está aí. Ela é Instituição. Fachadas diversas, integradas ou não em planos centenários, em diferentes localidades, servindo alunos, pais e encarregados de educação, corpo docente e não docente… Enfim, a Sociedade, em geral. Ela está aí. E nós? Talvez trespassados pelas bolorentas notícias da recessão e do desemprego, assistindo à sua decadência. Será este o rumo a tomar, o de meros espectadores?
Está em nós acreditar ser possível usarmos essa ferramenta de trabalho como um fim em si mesmo: prover os melhores recursos de formação (humanos, técnicos e financeiros) aos nossos estudantes, de modo a que não nos preocupemos, somente, em criar “n” papéis sociais, porque assim o mercado os exige, mas mais, que procuremos ter os melhores, valorizando as suas capacidades, indicando-os ou orientando-os para os caminhos vocacionais mais promissores. Assim, teremos Pessoas capazes e, consequentemente, profissionais bem sucedidos na sua área de formação.
Talvez, nos dias que correm, tenhamos olvidado Isto.
Apregoa-se Insucesso Escolar, rotulam-se alunos, agendam-se e reagendam-se reuniões de Conselho de Turma, uma e outra hora com os encarregados de educação e pais, criam-se apoios psicológicos e aulas de apoio e muito, muito mais… Num atropelo de ingredientes. Uma frustrante avalanche de contornos e, de preferência, de enviesamento de uns tais resultados estatísticos que não contribuem em nada para a construção de uma ilustre “luso-paideia”, que, ainda assim, tenta, em tudo, manter a boa aparência, face aos mais que (re) vistos resultados estatísticos europeus e da OCDE. Andamos assim. Num sistema de ensino que balança na corda bamba das indecisões, benevolente com as preponderantes capacidades de resposta.
Afinal, o que nos falta fazer? Como podemos evitar o descambar do ensino português? Que causas e possíveis soluções para este Insucesso?
Sabemos que as questões deambulam, por aí, numa assimetria descoordenada com as decisões governamentais, num conflito de interesses a todos os níveis, mas, com certeza, não nos cabe o rumo mais fácil, o de desistirmos.
Quanto às causas, pululam em diversos parâmetros, num final de meta que insiste em não se deixar alcançar. Listando algumas, em dois distintos panoramas, temos:
Por parte dos Alunos o meio social e familiar em que se encontram, nem sempre o mais favorável, baixa auto-estima, desmotivação, por falta de acompanhamento parental e docente, alunos de diferentes níveis de escolaridade a compartilhar a mesma sala de aula, o acumular de dificuldades inerentes a anos anteriores, sobrecarga horária, o contactar, na primeira pessoa, com fenómenos sociais (droga, gravidez na adolescência, etc.), défice cognitivo, falta de interesse e de concentração, entre outras razões.
Por parte dos Professores subsistem modelos pedagógicos inadequados à heterogeneidade das turmas, o próprio ciclo de vida profissional no qual o Docente se encontra, o mau-comportamento dos alunos, o não cumprimento, na íntegra, do programa, alterações no vínculo laboral, número insuficiente de professores de apoio, massificação das turmas, escassas formações para complementar os conhecimentos relativos às alterações dos programas disciplinares, férias fixas, excessiva burocracia, a negligência por parte de alguns encarregados de educação, carência de serviços especializados de apoio educativo, falta de recursos didáctico-pedagógicos, parque escolar degradado, entre muitas outras.
Desta elencagem surgem algumas das possíveis ideias que pretendem “remar” contra esta “maré negra”, como a implementação da íntima relação Escola-Família, do diálogo aberto entre Aluno - Professor (graficamente representado pelo aluno – objecto - professor), do personalizar da área escolar, visto que cada escola tem as suas carências específicas e situa-se num meio específico, a valorização do meio circundante (sócio- cultural), de directrizes e objectivos concisos e claros dos planos de estudo, a reorganização curricular, a adaptabilidade e rejuvenescimento dos próprios PCE, PEE, PAA e PCT, da interdisciplinaridade, da auto-reflexão, da avaliação contínua, como uma forma de acompanhar mais de perto o aluno, da metodologia do trabalho de grupo, promovendo a inclusão, a interação e a partilha de ideias e opiniões, do encorajar a busca de novos saberes, aguçando o sentido de curiosidade e novidade, de temáticas transversais da actualidade, formando e informando os alunos para o mundo fora do ambiente escolar, de novos métodos de ensino-aprendizagem, valorando um ensino por diferenciação, que atenda aos estilos e ritmos de aprendizagem de cada aluno.
Muito mais poderia e deveria ser apontado, face à complexidade da temática.
Nas últimas linhas, cabe, ainda, esta breve anotação: o Sucesso Educativo será alcançado quando nos apercebermos de que “Escola” e “Sociedade” deverão estar aliadas pela conquista de uma mesma acepção.
Sara, esta análise está muito de acordo com a realidade. É um texto muito pressente e real. Que seja o mais espalhado possível, para que compreendam.
ResponderEliminarAgradeço a partilha de opinião e tê-la-ei em conta.
EliminarEspero que continue a seguir a evolução do blogue e que permaneça atento (a) a novos artigos desta e de outras categorias.
Obrigada,
Sara M. Garcia.