Será que podemos falar de um Japão
português, ou de um Japão aportuguesado, durante o período dos Descobrimentos?
Sou da opinião que sim. Para começar, os portugueses foram os descobridores das
ilhas do Sol Nascente, apesar de ter sido por mero acaso, fomos o primeiro povo
europeu a ter contato com os japoneses. O que, logicamente, não quer dizer nada
à partida, pois a partir da sua descoberta e do seu conhecimento geográfico
exato todas as nações europeias estariam livres de também tentarem a sua sorte
no Japão. No entanto, é de realçar que desde 1543, data da chegada dos
portugueses a Tanegashima, até 1609 data da fixação dos holandeses em Hirado,
os lusitanos foram o único povo com presença no Japão.
Por termos sido bem recebidos, a
presença portuguesa aumentou exponencialmente desde a sua chegada, fazendo-se
sentir em várias áreas: na propagação de armas de fogo, desconhecidas pelos
japoneses que rapidamente aprenderam a fabricá-las, bem como à pólvora,
dedicando-se ao seu comércio. No comércio, que resultou na consequente abertura do Japão, levando os
produtos japoneses para a Europa, e vice-versa. Portugal levava diversos
produtos, como o tabaco e o sabão, que aguçavam os nativos, que começaram a
disputar entre si por uma maior presença portuguesa nos seus territórios. Os
lusitanos tinham então uma posição privilegiada, levando para a China a prata
japonesa em troca da seda chinesa, os portugueses conseguiam lucrar dos dois
países. A religião também teve grande importância, pois desde cedo a
missionação no Japão começou. Sendo o Cristianismo bem aceite, desenvolveu-se a
maior cristandade do Padroado Português do Oriente no século XVI, e em 1588 a
Santa Sé fundou a diocese do Japão com sede em Funai. Isto é importante, pois o
Japão, que continuava independente, representava o maior território ultramarino
controlado por poderes autóctones com uma cristandade constituída
maioritariamente por nativos.
Como memória artística deste período temos a Arte
Namban (japonês para homem bárbaro),
é a arte feita no século Namban. De influências europeias, tanto em certas
técnicas como a pintura a óleo, ou têmpera, como em temáticas, religiosas, como
o culto mariano, ou do quotidiano, como a chegada dos portugueses ao Japão, a
presença dos missionários.
Vemos então que a chegada dos portugueses foi um
marco importante na história do Japão, importante o suficiente para merecer um
destaque na arte. É de realçar que os portugueses também levaram para a Europa
novas técnicas e materiais até então desconhecidos, mas para além disto em
pouco mais vemos influência japonesa em Portugal. E tendo em conta o que foi
descrito acima, embora de maneira muito breve, vemos que na relação
luso-nipónica os portugueses foram claramente dominantes, abrindo um país que
vivia sobre si mesmo, e fechado para o restante mundo.
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