E como nas últimas semanas não fui ao cinema e não estreou nada impressionante ou muito aguardado, irei comentar este a fraca afluência ao cinema. É que apesar de haver quem impute as culpas a factores como os exames, os santos populares, o Europeu e a crise, as últimas semanas também têm sido muito fracas em termos de estreias. E por baixo destas máscaras de justificações, a verdade é que não só este mês, mas já há bastante tempo que as salas estão às moscas. A meu ver, uma diminuição ligeira dos preços, poderia trazer mais clientela e apesar do preço mais baixo, o encaixe financeiro poderia ser maior. E com certeza que não é por falta de interesse pela sétima arte, porque nós bem vemos nas ante-estreias as salas todas cheias.
Outra medida que acho que seria interessante implementar era voltar a instaurar um escalão de preços para os filmes, como houve há umas boas décadas atrás. Por exemplo, filmes mais caros a 5-6€ e os mais baratos entre os 3-4€, porque creio que não faz sentido que todos os filmes custem o mesmo para o espectador, quando claramente não custaram o mesmo aos produtores. É que as comédias tendem a ser baratas: (em muitos casos) é só juntar dez actores cliché com um argumento banal, meter na trituradora e esperar que saia algo engraçado, com as devidas desculpas a todas as boas comédias. Em comparação, temos as grandes produções de Hollywood, em que é preciso criar múltiplos cenários, como por exemplo, criar uma cidade de raiz, fazer explosões e rebentar com prédios, do que filmar um casal a passear no parque. Não estou portanto a dizer mal das comédias. Às vezes até apetece ver uma, quando estreia uma boa, mas estar a pagar o mesmo por 1h30 de cinema por um filme que em ano e meio estará a dar na tarde de domingo na SIC ou por 2h30 de algo feito com mais afinco, é óbvio onde me apetece colocar os meus 5 euros. E para além disso, se os filmes menos populares, como por exemplo os independentes ou europeus ficassem a um preço mais baixo, teriam com certeza uma maior abrangência, seriam vistos por mais pessoas e caminharíamos num bom sentido em termos de cultura cinematográfica.
Outra razão é o facto de que os filmes estão acessíveis em diferentes meios (legais e ilegais). E portanto, a fraca afluência não é necessariamente por falta de dinheiro. Não foi nesse sentido que falei do custo. Trata-se é do valor perceptual que as pessoas atribuem à visualização do filme no cinema, que não se coaduna com o custo efectivo do bilhete. Porque como se vê nesta altura, os festivais estão todos cheios e para isso parece haver dinheiro. E se calhar, consideram que a diferença entre ver um filme em casa e no cinema é pouca, e a diferença entre ouvir música gravada é muito diferente de a ouvir ao vivo, e daí o deslocamento e redireccionamento de fundos por grande parte dos jovens. Eu pessoalmente prefiro muito mais ver 10 filmes no cinema do que um dia de concertos, mas isto já são preferências. E não se esqueçam que de vez em quando é preciso ir ao cinema, pagar e investir nesta arte, para que ela tenha retorno para os produtores continuarem a apostar em muitas e grandes produções e não se continuarem a acanhar. Numa nota para os mais poupados, é possível ver grande parte dos clássicos sem piratear. Para quem não sabe, na maioria das bibliotecas existe um vasto leque de filmes que é possível requisitar gratuitamente. Fica a dica.
_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Falando de clássicos, esta semana as minhas sugestões vão para Bicycle Thieves (1948), que é uma verdadeira obra-prima do neorrealismo italiano e Paths of Glory (1957) de Stanley Kubrick com Kirk Douglas no principal papel, onde ele tenta defender em tribunal três soldados que são acusados injustamente de cobardia e desobediência num ataque a uma posição estratégica alemã. Filme pouco popular, mas muito interessante.
Com a letra ‘B’, esta semana recomendo o clássico Ben-Hur (1959), que, para além de pertencer ao meu top 5, detém o recorde de maior número de Óscares da Academia, 11 (os outros dois filmes que partilham o 1º lugar são o Titanic e o The Lord of the Rings: The Return of the King). Ben-Hur oferece-nos três horas e meia de uma das mais épicas aventuras de Hollywood. Passa-se no século I, e começa com a amizade entre um judeu, Judah Ben-Hur, e um romano, Messala. Apesar da guerra entre os seus povos, eles eram amigos, até terem uma desavença. A partir daí, temos uma magnífica história de determinação, coragem e esperança. Quem o vir, para sempre se lembrará da corrida das quadrigas ou a batalha em alto mar, enquanto escravo militar, extremamente bem filmadas para a época. A meu ver o único defeito é a extensão, sendo fortíssimo nas primeiras horas e amolecendo para o fim, sem no entanto, deixar de ser espectacular.
Concordo plenamente contigo, em vários aspectos do texto, adorei lê-lo. Quanto ao filme recomendado, nunca o vi todo... Talvez por um trauma de infância... Um dia certamente ire vê-lo.
ResponderEliminarÉ bom saber isso. Relativamente ao filme, só posso desejar que ultrapasses esse trauma e aproveites esta grande obra.
ResponderEliminarDepois partilha a tua opinião. Terei o maior prazer em continuar a ver-te comentar por aqui.