É
natural que o encontro entre duas culturas diferentes tenha como resultado algo
extraordinário como é o exemplo da Arte Namban, que marcou o segundo encontro
de uma cultura ocidental com uma oriental. Os portugueses marcaram, inevitavelmente,
um novo marco na história do Japão. Foi, pois, com a presença portuguesa, que a
Europa teve conhecimento desta terra e marcou, igualmente a sua presença lá,
ainda que não tenha sido de forma tão marcante como Portugal. Uma época de
abertura ao mundo, e de aprendizagem, de prosperidade o Japão saiu do
desconhecimento e foi catapultado para o mundo (entenda-se aqui Europa) através
do comércio com os portugueses. Mais povos estranhos dirigiram-se, sem demora,
para o Japão. Podemos balizar o período que ficou chamado como o Século Namban,
dentro do qual se realizou a arte em questão, de meados do século XVI, ou seja
desde a chegada dos portugueses ao Japão, até 1650, um pouco além da data em
que os portugueses foram banidos desta terra.
Os portugueses eram vistos pelos
japoneses como bárbaros, e daí vem a designação “namban”, que significa
bárbaros do sul. Podemos daqui logo apreender a base do que é a arte namban, é
uma arte de encontro de culturas, de influências e de aprendizagem e
aculturação. A curiosidade despertada nos japoneses por este povo de diferentes
costumes, culturas e feições marcou o suficiente para se querer representá-los
em alguma forma de arte, quer fosse através da pintura, ou através de pequena
estatuária. Imaginemos então, o espanto do povo japonês à chegada de outro
povo, completamente diferente em tudo. A evolução desta arte foi evoluindo e
tornou-se popular, no entanto, quando as relações destes dois povos azedaram
não demorou muito até este estilo de arte ser esquecido e deixado de praticar.
Não querendo continuar com algo de influência direta do povo português, apenas
10 anos após a sua expulsão acaba o período Namban e com ele a arte Namban.
Apesar
de não ter a mesma extensão temporal de vários estilos artísticos, como por
exemplo alguns estilos na Europa, durando pouco mais de um século, a Arte
Namban possui variadas tipologias, técnicas tipicamente japonesas desconhecidas
pelos europeus, e um conjunto de obras, com os mais variados temas,
impressionante. A pintura no Japão foi desenvolvida mais por necessidade do que
por outro fator, pois as pinturas importadas não eram suficientes para
preencher as igrejas que estavam sendo construídas. Como consequência os
artistas locais começaram a imitar os cânones ocidentais. Instituíram-se
escolas de arte, associadas aos jesuítas, e não só. Merece destaque o nome de
Giovanni Niccolo, considerado o verdadeiro fundador da escola ocidentalizante
no Japão, teve várias oficinas e a sua arte e seguidores chegaram à China.
Existem vários nomes japoneses importantes no que toca ao estudo e prática
inicial da pintura a óleo europeia, como por exemplo Yamada Sassa, Kano Eitoku
ou Jacob Niwa.
Ilustração 1 - Biombo Namban, século XVI/XVII
Para
aprofundamento do tema consultar os livros: João Paulo A. Oliveira e Costa, A
descoberta da civilização japonesa pelos portugueses; do mesmo autor, O Japão e
o Cristianismo no século XVI. Ensaios da história Luso-Nipónica.
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