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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Histórias Extraordinárias


Por Rui Filipe

Até agora, no que toca ao meu tema predilecto dentro da minha curta participação neste blog, tenho andado a escrever sobre histórias pontuais, que sobressaem pela sua excelência, dentro de um mundo gigante coberto de inúmeras histórias pontuais. Mudando um pouco a estratégia, desta vez vou falar exactamente num desses mundos gigantescos, neste caso, o da Liga de Cavalheiros Extraordinários.

Para aqueles que conhecem esta saga (e não um certo filme horrível que aparentemente, na tentativa de “filmificar” este mundo, apenas suscitou apreensão por parte de qualquer ser humano inteligente que estivesse com intenções de ler a BD) é óbvio o porquê desta decisão. Mais uma vez, o já referido Alan Moore (senhor que, possivelmente por causa da barba, inspira grande admiração deste lado) apresenta-nos uma narrativa imprescindível, mas de tal forma elaborada, e com uma quantidade tão colossal de personagens, que seria impossível referir uma parte deste universo sem cair necessariamente em todas as outras.

Em vez do habitual pegar num herói já conhecido de banda-desenha, ou até o criá-lo de base a partir de uma gramática já conhecida neste meio (exposição a radiação ou origem alienígena), o autor terá aqui uma estratégia extremamente diferente. Apelando aos fãs de todo o tipo de literatura, e também aos amantes de referências que brotam desta, somos apresentados a um mundo onde as mais célebres personagens literárias ganham de novo vida para se envolverem nas mais variadas tramas.

Podem perguntar, e muito bem, como é que uma premissa tão inverosímil se converta na base destes contos. Aqui entra em jogo o nome da própria saga. Neste mundo, que em grande parte aparece no que eu gosto de chamar o mito do universo vitoriano, mas que se perlonga até aos nossos dias, surge uma liga, com  fim de proteger o império de sua majestade, composta pela mixórdia mais variada de sujeitos extraordinários.


É com este ponto de partida, que até pode parecer pouco apelativo, que somos introduzidos a um conjunto de aventuras onde as nossas personagens favoritas da literatura passada, desde a fantasia até aos policiais, voltam a existir como heróis e vilões. Trazendo uma mistura que, desenvolvendo um fantástica narrativa contemporânea tem, no entanto, um conjunto de referências e de personagens pertencentes a um mundo mais antigo, não existe nada melhor que consiga ao mesmo tempo fazer-nos recordar o nosso passado cultural sem porém cair num certo tom arcaísta que não traz nada de novo ao mundo (e mando o aviso, não vejam o filme baseado nesta banda desenhada. Em caso de o terem visto, as minhas condolências). 


(fujam a isto como se fosse o demo!)

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