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terça-feira, 2 de abril de 2013

Arte Namban parte III

por Bruna Valério


O tema deste mês continuará a ser a Arte Namban, uma arte complexa, mais do que se faz parecer, abordando as diversas técnicas utilizadas na sua criação. Tal como no mês passado, para uma melhor visualização da informação, apresenta-se um esquema:
Como podemos ver, temos pintura a óleo, ou seja utilizando tintas a óleo, e a aguarela, pigmentos dissolvidos em água. Eram muito utilizadas nos biombos e nos quadros dos oratórios, sendo técnicas são bastante comuns na Europa. Não tão utilizada era a pintura a têmpera, da qual não se fala muito nesta arte, nesta os pigmentos eram misturados em gema de ovo, o que lhe conferia uma secagem rápida. Temos também a incrustação de materiais preciosos no mobiliário, e a arte de lacar, ou envernizar, uma técnica desconhecida pelos portugueses com materiais utilizados desconhecidos, que muito fascinou o povo português. Dentro desta técnica distingue-se dois grupos: shitaji: a aplicação de uma espécie de primário, uma pasta feita de terra, pó de barro e laca, era passada em várias camadas e reforçava a estrutura e o nuri, o ato de envernizar em si, aplicando várias camadas de laca colorida. Eram utilizadas duas técnicas aqui, fananuri, o ato de envernizar em si e o rôiro, que era basicamente polir a peça. E por último, sem esquecer a técnica de maqui-é, um método de aplicar pó de outro e de outros metais para obter uma espécie de pintura brilhante e dourada. Mas divide-se em dois tipos: hira-maqui-é, quando a decoração não tinha qualquer relevo e taca-maqui-é, quando existiam relevos. Outras técnicas eram utilizadas para se trabalhar com pós metálicos, Coinaxigi, onde se aplicava o pó de metal diretamente em cima da laca. Curonaxigi, o pó de ouro era salpicado num fundo de laca preta e Tobinaxigi, onde se decorada algumas áreas em detrimentos de outras.

- DIAS, Pedro, História da Arte Portuguesa no Mundo (1415-1822): O Espaço do Índico, Lisboa, Círculo de Leitores, 1998, pp. 455-500
- JANEIRA, Armando Martins, Figuras de silêncio: a tradição cultural portuguesa no Japão de hoje, Lisboa, Junta de Investigações Científicas do Ultramar, 1981, pp. 39-49, 73-80
- LEIRIA, Leonor, The art of lacquering. According to the namban-jin written sources, in Bulletin Portuguese/Japanese Studies, Lisboa, CHAM – Centro de História de Além-Mar, 2001, volume 3, pp. 9-26
- PINTO, Maria Helena Mendes, Arte Namban: Os portugueses no Japão, Lisboa, Fundação do Oriente, 1990
- SOBRAL, Luís de Moura, “Os Bárbaros do Sul no Japão: A Arte Namban” in A expansão marítima portuguesa, 1400-1800, Lisboa, Edições 70, 2010, pp. 429 – 434

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