por Filipa Lima
A
música ou “Arte das Musas” é a forma de arte mais procurada hoje em dia. Diria
mesmo que o Homem e a música têm uma relação tão intensa e apaixonante que é
difícil de descrever. Com os seus diferentes estilos e formas, a música tem-se
tornado inclusive uma forma de comunicação, de socialização, de prazer, de
divertimento, de expressão das emoções... Mas como é esta relação entre o Homem
e a música estabelecida? De que forma é o nosso cérebro afetado por esta forma
de arte?
Mas
para além do lobo temporal, também outras partes do cérebro processam a música.
Por exemplo, um simples ritmo ativa o córtex frontal e parietal esquerdos e o
córtex direito do cerebelo, enquanto ritmos mais complexos ativam ainda áreas
mais complexas. Também o tom, o que nos permite saber a afinação, e portanto
outra parte crucial numa música, ativa outras regiões no nosso cérebro, como o
córtex pré-frontal, o cerebelo e várias partes do lobo temporal. Isto significa
que a musica interage com 3 dos nossos 4 lobos cerebrais – frontal, parietal e
temporal, com apenas o córtex visual – lobo occipital- não afetado… mas talvez
nem essa região do cérebro escape dos efeitos musicais, como veremos mais à
frente.
O
processamento da música costuma ser classificado como uma “atividade do cérebro
direito”, ou seja esse processamento está centrado no hemisfério direito do
cérebro. Isto encaixa perfeitamente na ideia geral de que o hemisfério esquerdo
está mais relacionado com a lógica e o direito com a criatividade. A verdade é que
embora a música afete mais o hemisfério direito do cérebro, o seu processo é
tão difuso e descentralizado que se torna complicado afirmar com toda a certeza
se apenas está um hemisfério envolvido. A música consegue, por exemplo, ativar
uma cascata de respostas secundárias, até mesmo involuntárias. A tendência para
executarmos movimentos quando ouvimos música (não dança, que já é um processo
independente, mas movimentos simples como o estalar dos dedos ao ritmo da
música), é um exemplo disto, mostrando que há a estimulação do córtex motor
pelos sons. Outro “efeito-colateral” de ouvir música é a ativação do córtex
visual, no lobo occipital, sendo criadas imagens mentais a que associamos com
as mudanças e progressão da música. Também não nos podemos esquecer da
importância da letra numa música, pois embora nem todas as músicas sejam
acompanhadas de letra, as que o são afetam áreas específicas do cérebro como a
área de Wernicke, situada no lobo temporal e fundamental para a compreensão da
linguagem.
O nosso
cérebro fica de tal forma envolvido quando se ouve música que também a nossa
memória é ativada, sendo a melodia ou a letra simples de recordar mais tarde.
Músicas e partes de músicas servem como gatilhos para a nossa memória lembrando-nos
de situações da nossa vida que associamos com determinada música (um
relacionamento, por exemplo). É também a memória uma das responsáveis por
gostarmos mais de umas musicas do que de outras, exatamente por associarmos a
momentos da nossa vida que gostamos mais do que outros.
Algo
que todos estaremos de acordo é da enorme capacidade da musica de provocar
respostas emocionais. Estudos imagiológicos do cérebro têm mostrado que músicas
“alegres” estimulam os centros de recompensa, havendo a produção e libertação
de dopamina, a hormona responsável pelo prazer. Um facto interessante foi o
decorrente de um estudo a uma mulher sem lobo temporal e portanto sem córtex
auditivo, que ainda assim conseguia compreender melodias diferentes e outras
propriedades musicais, conseguindo ter ainda a perceção da emoção transmitida
pela música como sendo “triste” ou “alegre”.
Para
concluir, um dos aspetos mais desafiantes desta relação cérebro-música é a
individualidade quer na criação de cada peça musical quer na sua posterior
interpretação. Sem uma letra acompanhante, com as ideias chave que o
autor/compositor quer transmitir, e que nós seres racionais associamos portanto
a um sentimento especifico, a variedade de interpretações pode ser gigantesca.
Uma letra mais abstrata ou uma simples melodia podem levar-nos a tão diferentes
sentimentos e emoções que torna todo este processo auditivo algo simplesmente
extraordinário. A música foi sem duvida uma criação magnifica e sem a qual não
seriamos seres tao complexos como somos.
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